Desperdícios

Desaproveitamento. Extravio. Perda. Assim consta definida a palavra “desperdício” no Dicionário Aurélio. Podemos também afirmar que desperdício é a ação de não aproveitar alguma coisa, da maneira como se deveria, ou ainda, gastar em excesso. Esbanjamento. Sobra. E que o contrário de desperdício é economia. Poupança. Lucro.

O desperdício é um mal generalizado, repetitivo, ignorado e, por vezes, banalizado seja nas casas ou nas empresas. Desperdiçamos recursos importantes desde a hora que acordamos pela manhã até a hora de nos deitarmos à noite. Desperdiçamos luz, água, papel, alimentos. Desperdiçamos o nosso tempo, e o tempo dos outros. Desperdiçamos dinheiro.

Pessoas jogam fora, todos os dias, seu precioso lixo. Mas, exatamente, de que lixo estamos falando? Do lixo do desperdício, isto é, do alimento adquirido em excesso e, agora, já com a data de validade vencida; do produto que foi comprado apenas por impulso e que desde sempre foi inútil; das dezenas de embalagens para cada um dos itens que entram no carrinho de compras.

Os alimentos são desperdiçados desde a sua produção passando pelo manuseio, armazenamento, processamento, distribuição até chegar ao consumidor final. No Brasil, o desperdício de alimentos chega a 40 mil toneladas por dia, segundo pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Empraba). Anualmente, a quantia acumulada é suficiente para alimentar cerca de 19 milhões de pessoas diariamente. Um valor realmente significativo que poderia atender boa parte dos 3,4 milhões de pessoas que passam fome no Brasil – cerca de 1,7% da população – segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).

Empresas também são responsáveis por altos níveis de desperdícios, em suas diferentes áreas. Da área administrativa à produção, as perdas são imensuráveis. E, ao serem pontuadas, por exemplo, em um processo de melhoria da gestão da qualidade, revelam números inacreditáveis.

Muitas indústrias ainda não perceberam – ou não percebem – que a “pequena quantidade” de matéria-prima ou insumo que cai do caminhão, ou melhor, de inúmeros caminhões, em dezenas de trajetos, por dia, durante meses e um ano inteiro significando, em valores acumulados, significa grande PERDA financeira.

Na indústria de grãos, por exemplo, estima-se que entre 10% e 15% da produção agrícola se perde no processo de escoamento destes grãos. Se considerarmos uma safra de 200 milhões de toneladas, este percentual representa mais de 20 milhões de toneladas. E não é só o transporte o causador do desperdício porque grande parte destes grãos desaparecem mesmo antes, durante a fase de colheita e armazenagem nos silos e galpões.

O desperdício de água e energia elétrica também são impactantes no dia a dia de empresas brasileiras de todos os portes e segmentos, abrangendo desde comércio, prestadores de serviços passando pelo setor industrial, maior consumidor de energia, responsável por utilizar entre 40% e 50% de energia elétrica do país.

As perdas com o desperdício no Brasil são alarmantes e este assunto extenso e complexo tem sido, cada vez mais, alvo de crescentes debates. Apesar disso, muitas empresas ainda não perceberam o impacto que o desperdício exerce sobre o seu resultado financeiro e lucratividade. Talvez porque estas empresas ainda não colocaram na ponta do lápis, isto é, não quantificaram suas perdas com água, energia elétrica, matérias-primas e inúmeros outros. Em termos práticos, estas empresas não converteram suas perdas em valores monetários para poderem perceber a extensão do problema e o quão devastador este pode ser. Mas uma vez feito isto, e somente a partir deste ponto, é que será possível definir estratégicas e tomar atitudes para evitar e combater os desperdícios de maneira sistemática e contínua, transformando-o em bônus – lucro –, e não mais um ônus para a empresa.

 

Fonte: WK

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