Recrutamento de desenvolvedores: a guerra entre empresas de TI

Por Maísa Mattedi*

A escassez de mão de obra qualificada é apontada como a principal razão para as mais de 100 mil vagas abertas no setor de tecnologia em 2019. O número divulgado pela IDC Brasil expõe um grande desafio enfrentado pelas empresas de tecnologia: encontrar profissionais capacitados tendo em vista que o sistema educacional não acompanhou a evolução do mercado. O setor de TI demandará 420 mil novos empregos entre 2018 e 2024, de acordo com um relatório da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom). 

O “X” da questão, para mim, depois de seis anos na área de recrutamento para o mercado de tecnologia, é que as empresas estão interessadas em profissionais prontos, mas poucas delas querem capacitá-los e desenvolvê-los. Isso gera uma guerra entre instituições, causada por um recrutamento não sustentável: quem paga melhor, quem oferece os melhores benefícios, etc. Porém, não faz sentido apenas sugar desenvolvedoras e desenvolvedores do mercado, disseminando uma cultura de que “contrata os melhores devs”, como se os melhores devs saíssem de uma fábrica com todas as habilidades técnicas e comportamentais necessárias para trabalhar. 

Acredito que existam duas soluções para o problema, e elas estão interligadas: capacitação interna e employer branding. A “marca empregadora” nada mais é do que a reputação da empresa enquanto lugar para trabalhar, a forma como ela é vista tanto por profissionais que fazem parte do seu time quanto por quem a observa de fora. A imagem de uma instituição enquanto empregadora — cultura organizacional, remuneração, clima no ambiente de trabalho, benefícios e oportunidades que oferece — é fundamental para sua capacidade de atração e retenção de colaboradores.

Criar uma cultura de aprendizado, mentoria e crescimento também deve fazer parte das políticas de marca empregadora. Capacitar desenvolvedoras e desenvolvedores é fundamental, e isso serve tanto para talentos internos quanto externos, que podem ser contratados. A capacitação interna pode ajudar a descobrir novos talentos, além de acelerar o desenvolvimento de quem está no início da carreira e que pode gerar valor para a empresa em um curto espaço de tempo. 

A capacitação que envolve profissionais externos auxilia no recrutamento sustentável, onde as empresas também fazem a sua parte, e não apenas esperam que os melhores profissionais batam à sua porta. Por meio de cursos tecnológicos, como é o caso do AceleraDev, que possui edições presenciais e online — fundamentado na abordagem Challenge Based Learning (aprendizado baseado em desafios), desenvolvedoras, desenvolvedores e cientistas de dados têm a oportunidade de realizar desafios de programação, receber auxílio de tutores e assistir palestras com convidados que já atuam no mercado, de forma gratuita com apoio de empresas parcerias. Tudo ocorre por meio de uma plataforma, onde as pessoas têm acesso às aulas, desafios técnicos, projeto prático, conteúdos curados, ferramentas de revisão de código e de solicitação de mentoria. 

Muito mais do que pensar na escassez de talentos é necessário olhar para as soluções para o problema. Capacitar e desenvolver os profissionais é um dos passos mais importantes para uma cultura de recrutamento sustentável. 

*Maísa Mattedi atua como Talent Acquisition na Codenation

Fonte: Canal Tech

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