Fundo climático da Microsoft vai financiar SAF de baixo custo

Investimento de US$ 50 milhões vai apoiar construção da primeira usina comercial de combustível sustentável de álcool a jato do mundo

O Microsoft Climate Innovation Fund fez um investimento de US$ 50 milhões para apoiar a construção da primeira usina comercial de combustível sustentável de álcool a jato – rota conhecida como ATJ – do mundo.

Operada pela LanzaJet, a planta Freedom Pines Fuel, localizada em Soperton, na Georgia (EUA), deve ser concluída até o final de 2022 e começar a produzir, em 2023, 10 milhões de galões — ou 37,8 milhões de litros — de combustível sustentável de aviação (SAF) e diesel renovável, por ano.

Segundo a LanzaJet, a parceria vai viabilizar a produção de SAF de baixo custo e diesel renovável para abastecer o mercado global.

E pretende alavancar o mercado para matéria-prima de etanol de 2ª geração, baseada em resíduos, “demonstrando sinais claros de demanda por etanol que pode alcançar maiores reduções de carbono”, diz em comunicado.

Da parte da Microsoft, o investimento faz parte da estratégia para atingir a meta de se tornar carbono negativo até 2030. A empresa de tecnologia planeja usar o diesel renovável nos geradores de seus data centers.

Operada pela LanzaJet, planta Freedom Pines Fuel, localizada em Soperton, na Georgia (EUA), deve ser concluída até o final de 2022 e começar a produzir, em 2023, 10 milhões de galões de SAF (foto: Thomas Vangel/Photography)

Garantir demanda e preço competitivo são pontos chave para desenvolver esse novo mercado. O SAF chega a custar quatro vezes mais que o querosene convencional. O diesel renovável, o dobro do biodiesel.

Jimmy Samartzis, CEO da LanzaJet, explica que esta é uma indústria ainda na “infância”, cujos custos devem diminuir significativamente ao longo do tempo, à medida que as economias de escala são alcançadas e as cadeias de suprimentos são estabelecidas.

Além disso, o SAF oferece benefícios climáticos e de qualidade do ar que tornam “desafiadoras” as comparações diretas com o combustível de aviação convencional.

“Ao contabilizar esses benefícios ambientais por meio de mecanismos de políticas como o programa RenovaBio do Brasil e programas semelhantes nos Estados Unidos e na Europa, o preço do SAF hoje pode ser competitivo com o combustível de aviação convencional”, afirma à epbr.

A demanda por combustíveis sustentáveis ​​está aumentando, conforme governos como os dos Estados Unidos e de países europeus lideram um movimento de incentivos à produção.

O governo Biden estabeleceu meta para atingir emissões líquidas zero na aviação até 2050. Em setembro de 2021, a Casa Branca anunciou a meta de produção no país de três bilhões de galões de SAF por ano até 2030.

Enquanto a UE quer aumentar a quantidade de SAF misturada ao querosene fóssil para 63% até 2050.

“Sabemos que criar a mudança que nosso mundo precisa desesperadamente requer perseverança, inovação e parcerias com ideias semelhantes. A parceria com a Microsoft avança nosso trabalho em direção a combustíveis líquidos zero, permite combustíveis sustentáveis ​​de baixo custo no mercado e apoia a urgência de ter tecnologias reais e comprovadas para expansão e implantação”, comenta o CEO da LanzaJet.

A companhia quer atingir 1 bilhão de galões de SAF nos EUA até 2030, para apoiar as ambições do país.

Brasil também está no horizonte. Como produtor de etanol de cana-de-açúcar de baixo carbono e líder no desenvolvimento de tecnologias de etanol de 2ª geração — críticas para o ATJ conquistar escala –, o Brasil é um mercado chave para a LanzaJet, revela Jimmy Samartzis.

E o interesse no país é tanto para o fornecimento de matéria-prima, quanto para futuras instalações de produção de SAF.

Relatório recente da Mesa Redonda de Biomateriais Sustentáveis (RSB) e da Agricoine, indica que o álcool para jato produzido a partir de resíduos de cana-de-açúcar poderia suprir 90% da demanda brasileira de combustível de aviação.

Segundo o executivo, a companhia vê com entusiasmo o “potencial de um robusto mercado brasileiro de SAF”, combinado também com o fornecimento de etanol convencional de baixo carbono, que ele acredita que exigirá novos mercados, à medida que a eletrificação de veículos leves se acelere.

O país ainda precisa resolver tanto questões tributárias — para viabilizar a exportação –, quanto regulatórias, como a definição de uma política de mandato capaz de estimular um mercado interno.

Fonte: EPBR

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