Analisar os impactos da utilização da Inteligência Artificial (IA) é algo que a Microsoft se empenha em fazer ao longo dos anos.
Satya Nadella, CEO da Microsoft, disse em 2014, quando assumiu o comando da empresa, que “nossa indústria não respeita a tradição, ela respeita a inovação”. Com isso, ele já assumia alguns caminhos que a companhia viria a trilhar nos próximos anos — e um deles é o compromisso de democratizar o uso da IA.
Na pandemia, ficou ainda mais evidente o papel da tecnologia para o funcionamento dos negócios e da sociedade. E, para analisar mais profundamente o impacto de algumas vertentes da nossa indústria, a Microsoft encomendou à FrontierView o estudo “A Inteligência Artificial (IA) na era da COVID-19: Otimizando o papel da IA na geração de empregos e crescimento econômico no Brasil”.
A consultoria americana analisa, neste recorte, sob o aspecto da Covid-19, um levantamento feito pela primeira vez em 2019, no qual se observou os impactos causados pela adoção massiva de inteligência artificial no Brasil.
De acordo com a análise, o nosso país pode vivenciar dois cenários distintos: o benefício mínimo e o máximo com a adoção plena da IA, considerando a intencionalidade dos investimentos realizados na tecnologia
No primeiro cenário, é previsto que o uso de tecnologia acrescente 1,8 pontos percentuais ao PIB brasileiro até 2030. Já no segundo, o crescimento adicional poderia chegar a 4,2 pontos percentuais. Ambos pressupõem que o Brasil adote todas as funcionalidades de IA disponíveis hoje até 2030.
Esses números nos mostram que, quanto maior a adoção, maior o benefício que pode ser gerado ao país.
Em um momento em que o mundo todo foi afetado pelos reflexos da Covid-19, a tecnologia se mostra uma aliada para auxiliar o Brasil em sua retomada econômica. Neste período, houve uma curva de crescimento positiva na transformação digital, tanto das empresas quanto da sociedade, que passou a comprar digitalmente – dois acontecimentos que podem motivar a adoção da IA.
As vendas do comércio eletrônico no Brasil, por exemplo, mais que dobraram de abril a agosto em relação ao mesmo período de 2019 (+ 105% de aumento anual). Essa nova realidade está pavimentando a jornada para adoção de tecnologias como a IA
O estudo analisa que para que o país obtenha os melhores benefícios da adoção da tecnologia é necessário investir em novos serviços e profissões impulsionados pela IA, não apenas em seu uso para automação de tarefas.
O cenário de benefício máximo prevê que as empresas e o governo usem IA para expandir suas operações de forma completa e que o mercado de trabalho do Brasil possa atender a toda a demanda por novos trabalhos habilitados para inteligência artificial.
Analisando automação e geração de novos empregos, o modelo geral prevê que de todas as horas que os brasileiros trabalharão em 2030, com base nas projeções pré-Covid-19, 46% delas poderão ser automatizadas
Esse impacto não necessariamente significa diminuição de emprego. Essas horas podem ser utilizadas para tarefas estratégicas e de utilização intelectual ou, até mesmo, para reduzir cargas horárias.
O estudo mostra que no cenário de benefício mínimo, a demanda por mão de obra se recuperaria de 46% das horas de trabalho reduzidas (ou economizadas) para 23%.
Já no cenário de benefício máximo de IA, em que o governo e as empresas não estão usando apenas IA para automatizar tarefas de trabalho, mas também para expandir seu alcance e operações, a demanda por mão de obra se recuperaria da mesma redução inicial de 46% para uma redução líquida de horas de 7%.
Para que o nosso país esteja preparado para essas mudanças, é necessário investir em educação. A qualificação e requalificação de profissionais para as profissões habilitadas pela tecnologia é essencial
Ainda segundo a pesquisa da FrontierView, no cenário de benefício máximo, a demanda por profissionais altamente qualificados aumentaria significativamente, passando de 34% do total de empregos para 54% até 2030, enquanto os demais níveis passariam por uma diminuição nas ofertas para trabalhadores de média (-31%) e baixa qualificação (-44%).
Para endereçar este tema, lançamos, em outubro de 2020, o plano Microsoft Mais Brasil, um compromisso de longo prazo a fim de contribuir com o desenvolvimento econômico do Brasil.
Uma das iniciativas apresentadas nesse plano é a “Escola do Trabalhador 4.0”, uma plataforma de ensino remoto desenvolvida pela Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia (SEPEC/ME) em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), que inclui cursos da Microsoft por meio da ferramenta Microsoft Community Training.
Estamos diante de um período transformador e que nos deixará muitos aprendizados pela frente. A importância da inovação não é mais uma vantagem competitiva, mas sim uma questão de sobrevivência. Seja em relação aos negócios ou enquanto sociedade
Com o uso da IA temos um imenso potencial a ser explorado para a inovação. Nosso compromisso enquanto empresa é auxiliar indivíduos e organizações a avançarem com a inteligência artificial, torná-la acessível a todos e contribuir com o crescimento do nosso país.
Ronan Damasco é diretor nacional de Tecnologia da Microsoft Brasil.
Fonte: Projeto Draft